27.04

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Senado aprova marco das criptomoedas, que vai à Câmara dos Deputados

Por Vandson Lima e Renan Truffi

O Senado aprovou nesta terça-feira (26) projeto que regulamenta as operações financeiras com criptoativos, as chamadas criptomoedas, no Brasil. O relator da matéria, Irajá Abreu (PSD-TO), juntou propostas similares sobre o tema que tramitaram na Câmara e no Senado e, por isso, a matéria irá à avaliação dos deputados.

Tendo em vista o crescimento de golpes envolvendo os criptoativos, principalmente a partir das chamadas pirâmides financeiras, o projeto inclui na legislação o crime de fraude em prestação de serviços de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros, que terá pena de dois e seis anos de prisão.

O aumento no número de fraudes bilionárias nesse mercado, ainda sem a devida regulação jurídica, tem colocado as autoridades brasileiras em alerta. O setor movimenta cerca de R$ 130 bilhões no país ao ano e, nos dois últimos anos, investidores brasileiros foram lesados por golpistas em mais de R$ 6,5 bilhões, segundo o parecer.

As linhas principais da proposta são a definição de marcos regulatórios para nortear a regulamentação infralegal, a proteção e defesa do consumidor, o combate aos crimes financeiros e a promoção da transparência das operações com criptoativos.

O Poder Executivo definirá posteriormente o órgão responsável por disciplinar o funcionamento e a supervisão da prestadora de serviços de ativos virtuais.

“Mineração verde”

Uma das inovações promovidas pelo Senado é o estímulo à chamada “mineração verde”. A mineração é, essencialmente, o processo que faz com que novos criptoativos possam entrar em circulação. O projeto prevê a isenção completa de impostos de importação para máquinas e softwares caso a atividade seja realizada a partir de fontes de energia renováveis.

“O Brasil pode se tornar a nova meca da mineração verde. Esse é o objetivo”, apontou o relator, que avalia que Brasil poderá ser um grande “player” nesse mercado, movimentando em torno de US$ 30 bilhões em 2022 e 2023.

O texto também alinha a legislação brasileira sobre criptoativos às recomendações do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), que estabelece os padrões mundiais para ações de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo e do qual o Brasil é membro.

Em fevereiro de 2019, o GAFI esclareceu aspectos relacionados à aplicação de padrões nesse sentido para ativos e prestadores de serviços de ativos virtuais, deixando explícito que suas recomendações também se aplicam nesses casos. Como os países membros são avaliados periodicamente quanto à implementação de medidas recomendadas, é esperado que o Brasil tome providências para o licenciamento específico para os prestadores de serviços de ativos virtuais operarem no país, regulamentação e fiscalização das atividades financeiras envolvendo ativos virtuais por autoridade competente e estabelecimento de sanções criminais, civis e administrativas.

Fonte: Valor Econômico, 26/04/2022.
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